21 de jul. de 2010

Lâmpada

a lâmpada trocada
agora já pisca
aos poucos
ligando.
pode ver?

há dias se pendurava
queimada, quebrada
neste quarto.
já nem queria mais
trocá-la, lembro

escondeu-se no fumê
da camiseta.
dentro da cama ficou
acariciava lençóis
imaginava-os limpos
encardidos

os pés no escuro
de seu escuro escondiam
o tecido de seu tecido.
imaginavam luzes
vibrantes de receio.

mas se agora no instante
em que mais sente
este manto descobrisse
a bermuda se abrisse
o lençol fosse um lençol

e da falta de luz abrisse
o escuro de tocar sem saber
abrisse todo o gosto
de um calor noturno
para além do limpo e do sujo

a lâmpada trocada
agora já pisca
aos poucos
desligando.
pode ver?

8 comentários:

nydia bonetti disse...

Teu poema me pareceu uma daquelas noites de insônia e delirio em que fitamos um objeto e ele parece criar vida. Muito bom, Jefferson, beijo.

Anônimo disse...

Às vezes a gente se esquece de trocar a lâmpada, se habitua ao escuro.

Excelente poema!

Beijo.

ANGELICA LINS disse...

Concordo com a Nydia, deste vida a lâmpada e ao teu sentimento.
Iluminaste a poesia!

Beijo

Teté M. Jorge disse...

Isso! Um poema iluminado!

Beijos com afeto.

Rafael Castellar das Neves disse...

Muito bom!! É uma viagem muito boa...gostei!!

[]ss

Cris de Souza disse...

Piscou em plena luz do dia...

Evoé!

Gerana Damulakis disse...

Incrivelmente bem pensado.

Jonathan disse...

Mt interessante, Jefferson!!! Vc tratou de dissecar uma pequena experiência coitiana e criou um mundo cheio de perspectivas!