27 de set. de 2010

Noturno




sobre   a   cama   ouvir   quase   adormece
            os olhos cerram entorpecidos da noite

devagar   é   o   quarto   os   livros   as   paredes
            a porta entreaberta e a fraca luz que entra

em   cores   pontos   claros   pontilham   ao   ar
            o corredor que se entrevê já quase dorme

a   cama   se   acalma,   o   sono   a   cabeça   descansa
            ao lado o odor conhecido de sossegado corpo

pela   janela   clareia   cheia   de   luz   a   lua   de   fora
            sem pressa os dedos se movem e a vista embaça

o   verso   se   estende   lento   a   vozes   que   surgem
            não há qualquer impaciência de findar o que se vê

lentamente   a   luz   noturna   pelo   quarto   ilumina
            velhas esperas adormecem vestidas de exílios

por que   querer   enxugar   a   noite   à   meia -   luz ?
            que importa saber se chegou a hora da meia-noite?

13 de set. de 2010

FLORES




a partir de hoje não lhe trarei flores
apesar de inverno, lá fora podemos encontrá-las
florescem ainda aquelas resistentes ao frio

se lembra daquelas do último verão?!
que dentre as que murchavam havia
outras que surgiam coloridas?!
a vida assim não haverá que se dividir
porque em qualquer das estações sempre há flores
não se frustre em esperá-las

ao invés de lhe trazer flores
para ornar de cores sua beleza
ou tecer alguma coroa aos deuses
ou colorir uma revelação no altar divino,
vamos a elas nesta hora fria do dia
um frio que nem tão forte é que nos impeça de sair

fora de casa nada nos vem como prenda
o que nos vem é mais que isso
nada mais nos é do que vê-las
esquecemos de ter ou de receber
e nos despimos dos conhecimentos
de esperar raridades alheias
como hoje esperou por mim
pensando que traria uma rara flor

a partir de hoje não lhe trarei flores
vamos sair, chove muito pouco
um chuvisco apenas
vamos juntos, sabemos onde
nos esperam muitos hibiscos

10 de set. de 2010

Um poema no blog "Sedimentos"

foto: internet
O blog Sedimentos publicou o poema Estoque. Fico feliz, pois acompanho frequentemente o blog da Teca. Um blog no qual sempre se podem ler poemas. Muito grato! Para quem quiser conferir, clique AQUI para ser redirecionado.

5 de set. de 2010

COMO QUEM NÃO QUER NADA

existe um corpo que pede
olha e cumprimenta.
solicita que não o pense,
se move e não induz o nosso
a ir ao que não se quer

convida como se não nos seguisse,
e quando nos aproximamos os corpos
já conhecemos um ao outro
numa plenitude que não se sabe.
nos encontramos todos os dias

sempre casualmente
feito belos animais que surgem
de repente na esquina
caminhando lentamente
como quem não quer nada