18 de out. de 2011

VOLTAR

voltar a este quarto
às cortinas
à janela
às toalhas
à cama
voltar ao espelho
voltar como sempre
ao mesmo deste lugar

foi nesta hora
que quase me deixei
ser o mesmo
com os objetos do quarto.
por um momento
quase deixei o beijo
como um passado
e me lancei a dormir
o sono de olhares iguais.
por pouco não me estendi
sobre a cama como roupas
penduradas em cabide.
mas foram essas roupas
as últimas coisas iguais

agora volto
como se estivesse indo
porque a tua nudez,
a tua pele, os teus beijos,
os teus dedos, os teus abraços
o moreno do odor de teus braços
me fizeram voltar
como se nada fo
sse antes




O poema NU (nº 2) foi divulgado no blog Jornal Diz Persivo. Fico feliz e agradecido pela leitura e pela publicação. Para quem quiser visitar, clique aqui.

5 de out. de 2011

SOPRO




da terra
se levanta
o corpo deitado
sonolento e errante
como na hora de dormir

já esquecido de ouvir
sente somente
o sopro
- ao pé dos rochedos
do ouvido –

e o corpo se estendendo
plenamente
ao sopro de vida
que provém
de ti