bastou passar à beira-mar
ver atento, ouvir o zumbido,
limpar o banho, o ar, a praia
ver sem brilho e bronzeado.
depois de o sol descer e arder
os olhos viam vermelhos de sal
eram de brasa salina, sanguínea
e não tingiu o rosto do banhista.
mas se podia ver o mar temível
extraindo pernas braços olhos.
o mar - o grande mar - era recuo
permanente nesta sua crescente.
arrastou - e arrasta - banhistas
interessados no lazer dos dias,
mas o mar inundava de sangue
marinho, vinha de águas trazidas
era o sangue de quem chega
o sangue marítimo de extração
o sangue de túmulos de ouro
o sangue de assassinos heróis.
sim, digo que de mim arrastam
o vermelho de lágrimas e alergias
e o vermelho que tinge o rosto
de tanto rir de quem na praia fica.