31 de ago. de 2011

NU (nº 2)


não era o sono de quem dorme
mas o sono de quem me olhava

de olhos cerrados acenou-me
o corpo em relevo se deitava

meus olhos de repente não viam
eram mãos como areia molhada

em umidade os olhos escorregavam
delineando um gesto feito onda

nos traços do outro que agora sou
não apenas transpiro ao teu lado:

o meu corpo em rio repousou
na nudez de teu corpo deitado


17 de ago. de 2011

NÃO SABEREI MAIS


não saberei mais de passados
que consideração o mundo tem com o que se fez do passado?

não saberei de futuros
que prenúncio conhece o mundo?
se o tivesse desenharia um futuro
que seria uma equação do presente e do passado
feito aquelas compensações que os homens acreditam
mas que o mundo desconhece

também não saberei de destinos
quem tem o destino nas mãos são os deuses
e os deuses não são o mundo.
os deuses são muito semelhantes aos homens
sonham e sonham que dominam a correnteza

de hoje em diante sou o mundo
o mundo desconhece e não tem rosto
sou, portanto, apenas um alguém
de braços cruzados
de costas viradas
sem saber

podem achar que essa é apenas a minha vontade
mas se enganam
não tenho vontades
o mundo não as tem
por que eu as teria?

se o mundo for um mar de rosas, assim o serei
se o mundo for tempestade, também assim o serei

pra quem não entendeu
de hoje em diante
sou mundo
pura e simplesmente mundo

6 de ago. de 2011

EXCESSO


por que lavou tanto suas mãos?
chegaram para mim tão lisas
quis tanto sentir o leve áspero
de tudo que em suas mãos tem

por que lavou tanto o pescoço?
chegou para mim perfumado
quis tanto respirar o odor
de tudo que em sua pele tem

não esperei de você o impuro
nem aspirar de seu ar puro
queria apenas sentir o próprio
de tudo que em seu corpo tem