21 de set. de 2011

DESÇAM GOTAS

desçam gotas
linhas finas
linhas grossas de chuva
desçam pra encher
a rua
encher a cidade
na dança de ir
e vir

(desça a chuva
da chuva

a chuva
de não chover

a chuva
de encharcar

a chuva
dos muitos beijos

a chuva
dos seres que são
e dos que são
uma negação)

desçam longas,
unidas
desçam todas as linhas
da chuva,
que a cidade se inunde
as roupas se molhem
os corpos se encharquem

desça, água
deste céu desça
muita chuva
pra encher
as bocas sedentas
de não mais saber
como beber chuva

desça, água
diluindo
as algazarras silenciosas
das ruas,
das lojas, das bocas.
que as linhas da chuva
desçam
cortantes
fortes
e como tesoura desfaçam
a costura das roupas
para vermos
a olho nu



O poema NU (nº 2) foi divulgado no blog do amigo Sady Folch. Agradeço a publicação. Para visitar o blog, clique aqui.

12 de set. de 2011

ANTENAS



ser uma antena,
não a de casa
não a que cobre
grandes regiões

ser um satélite,
não o dos espaços
que vive o centro
como grande astro

com minhas mãos
tenho dez antenas
com minha língua
tenho apenas uma

com meus olhos
tenho duas antenas
como tenho duas
com meus mamilos

meu corpo acende
agora nesta hora:
meu dedo plugado
a um raio de sol