28 de fev. de 2011

como seguir apenas em um barco?


baixos e altos passam os desejos
pelo tamanho de corpos que vejo.
por entre tantas pernas e braços
como seguir apenas em um barco?

sempre aos olhos andam os traços
em muitos sinais morenos, espessos.
dentre as várias pessoas na rua
como poder idealizar uma?

só percebo em você a roupa que entra
se a hora do dia esfria ou esquenta.
mas sempre se desnudam aos olhos
nossos corpos fáceis que descem lisos.

por que todos os dias as pessoas
não se levam a sonhar em todas?

***

O poema de Rogel Samuel para Jefferson Bessa:

porque a beleza está
no imaginar

a imaginação é minha
dentro de mim

o que está fora é uma sombra
a sombra de uma sombra

como na caverna de platão

somos sonhos

os corpos passeiam pelos sonhos

pelo que somos

a lembrar

14 de fev. de 2011

um silêncio de furto




ouvi que os gatos são encantados pelo silêncio
disso não se tem certeza
quem já os viu encantados?
pisam o chão tão indiferentes

mas um silêncio encantado há por trás
de quem anda em passos de se esconder
de quem quer descobrir
roubar a voz das coisas

são esses investigadores do mundo
chegam sorrateiramente pelas costas
desejam conhecer todos os segredos
querem encontrar os meus lados
voar sobre todas as terras
com a fala da minha voz

há neles um silêncio de furto
que poderia me fazer pensar que ouço a mim mesmo



fotografia sem crédito encontrada na net