22 de jun. de 2012

"NOS ÚMIDOS PLANOS DAS MÃOS": E-LIVRO DE JEFFERSON BESSA



Amigos, esta postagem é para divulgar o ebook com meus poemas. Só tenho a agradecer o excelente trabalho do Castanha Mecânica. É uma satisfação participar deste projeto. Para baixar o livro ou ler online, clique aqui.

19 de jun. de 2012

SEMPRE ME PEDEM, PEDEM QUALQUER COISA


sempre me pedem
pedem qualquer coisa
me pedem os conhecidos e os desconhecidos
os necessitados e os não necessitados 
os ricos e os pobres:
os ricos me pedem um serviço pronto
os pobres, um trabalho, uma moeda


sempre me pedem 
me pedem até mesmo para pedir a Deus.
mas onde estará o altar?
ah, persistem em andar 
pela cidade dos joelhos acimentados
cidade ajoelhada a um templo que mal se vê 
bem longe no alto de um morro


mas do chão grande e suja
se ergue a mão do mendigo
e saem dos guichês mãos cobradoras
os funcionários me cobram as entradas
não os conheço pelo rosto
mas os conheço precisamente pela mão
que não se diferencia da mão 
pedinte a casamentos
(são mãos exigentes de recibo!)


em meio a tantos pedidos
me torno a partir de agora
um pedinte - um desses grandes pedintes.
quando alguém vier me pedir para ouvir
para falar, 
para gargalhar,
para comer
ou comparecer
direi que, nesse mundo constituído de petições,
todos deverão esperar.
pode ser até mesmo um mandado institucional 
também deverá esperar,
pois espero aqui a resposta
de um pedido 
acabei de pedir às coisas 
uma palavra
um verso
uma rima
um poema


nesses momentos tenho uma concepção
uma grande unidade de ideia
influenciado pelas moças de escritório
quem em linguagem burocrata dizem
“qual seria a sua solicitação, senhor?”
por influência, isso caberia numa única sentença
seria a pura essência ao largo das aparências:
quando chegar a hora 
de ouvir um pedido
compreenderei
“a vida é uma solicitação”!

6 de jun. de 2012

ME DIZ QUE AMA SIM


Me diz que ama sim
Mas amar não mais o engana.
Me diz que ama certamente
Mas sem muita intensidade.
Meu caro, como assim
Me diz logo de cara com 
Meras e outras palavras que se
Mantém e ama sem nenhuma graça?

(Mal de gente que não bebe vinho, de 
Melindres suspeitos de quem vive
Mundos que na boca põe apenas
Meias palavras, meias línguas e meios beijos.
Miséria essa sem nenhuma sensação
Menta falsa de frescor fino de mausoléu.
Mestre, mestre de amor e de equívocos.
Me diz que de tudo já viu, já sonhou.
Me diz que ama sim
Mas quem acreditaria ao sentir essa
Mirra forte de igreja velha,
Mina desbotada de ouro velho,
Maneiras capengas de admiração,
Matusalém de sussurros determinados?)

Me venham amores que saibam beber
Mil luzes literais e musicais de voz
Mas sem as preocupações de ser
Meteoros ou constelações ou medos.
Minha calma e essa de um corpo
Mil carrancas afastarão sem ouvir esse
Muxoxo desdenhoso de amar.