13 de mai. de 2016

BASTA SE SENTAR À MINHA FRENTE




basta se sentar à minha frente
nem preciso chegar pela mão
porque sei tocar bem leve,
meus olhos aprenderam a ver.
chegam muito discretamente
num gesto de pequena violação
a quem gosto e não sabe ver
na cisma de traje que o preserve


do que os olhos podem alcançar
o outro pode não ter conhecimento
mas sob a linha da visão existe
o que se pode sentir na textura:
desliza sobre a pele, sabe deitar
no macio áspero e no tocar lento
que desce num tempo que dura.
pra se ver é que um corpo existe


Jefferson Bessa
Do livro Chão da pele (2015)