12 de jul. de 2010

COLHEITA


I

muitos mortos de repente falam
as vozes ecoam nas lápides
nos túmulos, nos nomes, nas caixas
na data de nascimento e morte

quando eu morrer me ponham
sob a terra como os outros
mas acima não ponham nada além
só o verde das gramas que crescem

II

Que a terra me absorva como adubo
Que me transforme, extraia de mim
o que me dissolve para fertilizar
bem longe das terras sepultadas

e quando assim lá eu estiver
de mim ninguém mais se lembrará
contudo as pessoas sem saber
vão me ver vibrar, ao vento, todo verde

8 comentários:

Jorge Elias disse...

Caro Jefferson Bessa:

Inicio o acompanhamento de seu blog.
Logo de cara encontro um poema que fala por mim, como você verá abaixo.
Agradeço muito os comentários sobre meus poemas no blog do Hilton.
O trecho do poema abaixo também trata do resto de todos nós.
Forte abraço,

Jorge Elias


Imortalidade (Fragmentos)





A minha imortalidade
se encerrará com a minha morte.


[...]


Ao homem,
cabe ir tampando com reza
o buraco do túmulo.
Talvez assim
o inferno fique um pouco mais fundo...

Mas a terra dos cemitérios
é resíduo de corpos.
Nela reencontrarei meu pai.
Ocuparei quem sabe,
um espaço entre um grão e outro
de sua existência.
Até que me revolvam com meus filhos...

[...]




(verdes versos - 2007)

Ana Lucia Franco disse...

Jefferson, um poema sobre a morte que transforma a vida para um "vibrar, ao vento, todo verde". Transmutação. Acredito que a morte não finda, mas transforma. Um beijo.

lupuscanissignatus disse...

regeneradora

semente


*uma
pérola*


[obrigado.
abraço, amigo]

dade amorim disse...

Lindo, Jefferson!

Hoje tem poema teu lá no Poema-amigo, viu?

Beijo

Gerana Damulakis disse...

Morte ao lado de vibração: instigante.Fiquei pensando, me tocou.

Anônimo disse...

Não desobedeço a uma dica sequer da Dade, e fico feliz por isso, pois este espaço indicado por ela é uma preciosidade. Prazer em conhecer sua poesia.

Abraço,
Teatro da Vida.

Jonathan disse...

"contudo as pessoas sem saber
vão me ver vibrar" é Maravilhoso, Jefferson!!! É uma cena perfeita q faz com q a morte seja vencida, superada!!! Mt bom!!!

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

EXCELENTE POEMA!