para ter o que anima
não me basta sentir que basto
não me basta saber do invisível que me move
o invisível que há em mim, sozinho, não me anima.
se assim fosse, seria eu um satélite
em posição tão longínqua
que, sozinho, ficaria vagando
num espaço sem poder receber
um simples sinal.
ficaria girando e girando
para, depois de tão tonto,
explodir sem ter tido um contato
não preciso morrer para perder
o que me anima.
para morrer me basta estar embrulhado
naquilo que pensaria ser só em mim:
receber o sinal de mim mesmo
(me colocaria em pé:
estátua esquecida
me colocaria posto:
morto encaixotado
ficaria numa respiração sufocada
dentro de um invólucro dispensável
como a alma pensa do corpo
ficaria numa embalagem de proteção
como aqueles produtos vendidos em lojas
para os quais se requer todo cuidado)
para ter o que me anima
me basta saber que o invisível está no corpo sentido
me basta saber que, sozinho, não sinto
me animo mesmo com os outros que chegam
6 comentários:
Gosto muito deste seu poema, Jefferson!
Abraço
Amélia, muito obrigado!
Abraço.
Jefferson.
Nada como a poesia para exercitar a imaginação. Poesia não tem fronteiras, por isso é tão necessária
Beijo, Jefferson.
Que versos tão movimentados... muito bom!
Beijo grande.
Boa semana.
Fantástico!
Tanta verdade que quase me rouba a ânima.
Parabéns, Jefferson!
Beijos
Mirze
Denso poema. Merece várias leituras. Muito bom!
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