reunidos
na minha hora de nascer
imagino as mãos
entrecruzadas
que desejavam me acolher
imagino
como eu chorava
na mão dos que não me agradavam
como eu sentia graça
agradecido
quando a seguir me deitavam
nos braços de outro
fui tocado por tantas mãos
fui assim passando
rolando
por tantas divindades
eram tantos corpos
proviam de tantos lugares
que agora
não me lembraria de um sequer
mas um fato se fez
agora me lembro:
ao meu redor ficaram
os deuses de mãos aquecidas,
envolveram-me
os deuses em corpo bruto
eram todos de beijos
eram de abraços
em meio a tantas mãos
aprendi a ser táctil
hoje sinto
na maneira bruta
vivo num corpo
feito terra revolvida
(ah, deuses dos quais não sei o nome,
nunca me preocupo por onde andais
glorifico-vos sem glorificar
não espero me trazerdes outra coisa
imagino estardes por aí entre ruas e casas
apresentando vossas mãos a quem queira)
5 comentários:
De uma sonoridade impressionante!
Um beijo carinhoso.
este seu poema faz a psicanálise do poema - excelente em todos os pontos e sentidos
Jefferson!
Ontem pensei sobre isto. Sobre o significado das mãos.
Benditas mãos, as dos deuses que te embalaram, para que fosses um poeta assim.
Excelente!
Beijos
Mirze
o barro
da
palavra
[subtilmente
moldado
por criativa
mão]
*abraço,
Jefferson*
Uma linda composição, um tema sempre presente em nós.
Beijo, Jefferson.
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