
chegou o vendedor e me disse
que não havia livro de poema
daquele poeta que lhe perguntei
lamentamos, senhor, mas não há
mas posso trazer outros livros
me disse ainda que os poemas
estariam em minhas mãos de imediato
viriam das pilhas da distribuidora
mas de imediato vi apenas livros
na estante acumulados, escondidos
nas camadas guardadas de poeira
no objetivo das contas de inventário
em que se somam horas, dias e anos
dentro de espaços em aparelhagem
entre folhas de livro atacado ou varejo
e assim continuou falando da breve
atualização dos acervos no estoque
armazenados em curto prazo de tempo.
a ele nem respondi, não esperei saber
contudo digo que de lá saí com um poema
antes só havia perguntado: poema?
eu vi, tu viste, ele viu e me deram
estoques, reservas enredadas.
mas nenhum poema nunca faltará
porque existe com ou sem falhas de loja
antes só havia perguntado: poema?
e me trouxeram quantidades
necessidades, fornecimentos.
mas a porta da livraria se abriu
esqueci o vendedor e o livro
e lembrei que a poesia não falta
por isso, de lá saí com este poema