23 de ago. de 2010
ESTOQUE
chegou o vendedor e me disse
que não havia livro de poema
daquele poeta que lhe perguntei
lamentamos, senhor, mas não há
mas posso trazer outros livros
me disse ainda que os poemas
estariam em minhas mãos de imediato
viriam das pilhas da distribuidora
mas de imediato vi apenas livros
na estante acumulados, escondidos
nas camadas guardadas de poeira
no objetivo das contas de inventário
em que se somam horas, dias e anos
dentro de espaços em aparelhagem
entre folhas de livro atacado ou varejo
e assim continuou falando da breve
atualização dos acervos no estoque
armazenados em curto prazo de tempo.
a ele nem respondi, não esperei saber
contudo digo que de lá saí com um poema
antes só havia perguntado: poema?
eu vi, tu viste, ele viu e me deram
estoques, reservas enredadas.
mas nenhum poema nunca faltará
porque existe com ou sem falhas de loja
antes só havia perguntado: poema?
e me trouxeram quantidades
necessidades, fornecimentos.
mas a porta da livraria se abriu
esqueci o vendedor e o livro
e lembrei que a poesia não falta
por isso, de lá saí com este poema
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Gagueiras
11 de ago. de 2010
deitado fico
deitado fico
as sensações se esticam
como pernas que na poltrona relaxam
de tão flexíveis os movimentos
crescem agora num pensamento
que vem do sul
carregando consigo nuvens que irão chover.
.........borbulha no quarto
a chuva que começa
.........no chão estalam as gotas
.....a cama já encharca
o ar úmido tranquiliza
a parede se molha
se erguem meus braços
deitado não sei mais
se eu me estico ou o meu pensamento
nem me importa saber
mas o músculo da sensação continua se alongando
deitado fico
sobre a cama mergulhado
feito o corpo horizontal da água
que se banha a si mesmo
numa lagoa
numa poça d’água
as sensações se esticam
como pernas que na poltrona relaxam
de tão flexíveis os movimentos
crescem agora num pensamento
que vem do sul
carregando consigo nuvens que irão chover.
.........borbulha no quarto
a chuva que começa
.........no chão estalam as gotas
.....a cama já encharca
o ar úmido tranquiliza
a parede se molha
se erguem meus braços
deitado não sei mais
se eu me estico ou o meu pensamento
nem me importa saber
mas o músculo da sensação continua se alongando
deitado fico
sobre a cama mergulhado
feito o corpo horizontal da água
que se banha a si mesmo
numa lagoa
numa poça d’água
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2 de ago. de 2010
CORPO PLANO
seus olhos de papel têm
uma vida plana de não ver.
por que esqueceu o rosto
e me trouxe em estampa?
quando o vejo se vaporiza
se tento lembrar se espalha
se perde como na textura lisa
da foto que hoje já está velha
não há marcas nem cicatrizes.
por que não deixar o rosto
ondular, crescer feito um monte?
o que há em você está plano
um pampa nos panos da pele
uma vida plana de não ver.
por que esqueceu o rosto
e me trouxe em estampa?
quando o vejo se vaporiza
se tento lembrar se espalha
se perde como na textura lisa
da foto que hoje já está velha
não há marcas nem cicatrizes.
por que não deixar o rosto
ondular, crescer feito um monte?
o que há em você está plano
um pampa nos panos da pele
sem relevo, preso a um muro
*foto sem crédito encontrada na net
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