Rochester, New York (1959)
move-se o estalido que abre a casca
voz no canto inferior da parede
onde o horizonte do quarto se levanta
sem pressa o som se ergue
na parede a camada de vida vibra
a tinta se abre, desprende-se do concreto
o ruído crescente de galhos
a pequena árvore que irrompe
tronco espesso rente à parede
- madeira de casco denso – tremor de fissuras
rebenta a cor, sobre o concreto se movem as linhas
no quarto brotam as rachaduras
fraturas
cicatrizes
sobem linhas a caminho – rios se desenham
balançam como o vento de fora.
não há que ver por dentro
nada há dentro da tinta
não há nada atrás da parede
a descasca brilha na quina do quarto
logo ali onde se pode ver como fruto
como se abrisse pela primeira vez
sem saber ainda o sabor
6 comentários:
Um bom poema pode tudo, Jefferson.
E esse é ótimo.
Beijo!
belo poema,natural, flui...
Beijo,
Você descre um ângulo de fuga e acena a ele com desdém, encarando a vida. Mesmo que o quarto todo se dê às ruínas, além-paredes o que veremos é fruto suculento: um poema com uma estrutura maravilhosa, cujo ritmo encena perfeitamente a proposta do tema.
Abraços!
beleza rara a deste poema. mesmo rara.
abraço
Poeta raro...Adoro ler-te!
=)
Como quem pinta, desenha e traça poesia. Bem bacana.
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