5 de jan. de 2012

BASTA SE SENTAR À MINHA FRENTE


basta se sentar à minha frente
nem preciso chegar pela mão
porque sei tocar bem de leve,
meus olhos aprenderam a ver.
chegam muito discretamente
num gesto de pequena violação
a quem gosto e não sabe ver
na cisma de traje que o preserve

do que os olhos podem alcançar
o outro pode não ter conhecimento
mas sob a linha da visão existe
o que se pode sentir na textura:
desliza sobre a pele, sabe deitar
no macio áspero e no tocar lento
que desce num tempo que dura.
pra se ver é que um corpo existe

4 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

existe sim, um corpo além, existe um toque o saberia

Teté M. Jorge disse...

Muito lindos esses versos... de pura sensibilidade... os olhos podem sentir como o tato...

Beijo carinhoso.

Unknown disse...

Belo, Jefferson!

Sob a linha da visão viola-se o inviolável,mas de forma unilateral;
Como num consultório de analista.

Depende se o outro precisa só da sabedoria do tato do olhar.

Ângulos, ambos palpáveis.

Beijos

Mirze

Jefferson Bessa disse...

Querida Mirze, penso que não seria de forma unilateral, uma vez que, embora o outro possa não desejar, tem uma presença que chama, que convoca. É um traço das coisas. Penso que a poesia vive desse modo.
Um beijo.