29 de mai. de 2019

GOLPE




bem naquela manhã no rosto desprotegido 
veio um golpe de ar e acertou em cheio
o corpo se virou tão rápido, estremeceu
a cabeça e os passos se soltaram sem direção.
o golpe me empurrou para uma estátua
o vento cessou, no alto vi patas de cavalo,
saltavam ao vento com força e precisão.


o golpe de ar rasante aproximou o olhar
àquele galope elevado de bronze e granito
e mais acima galgava entre dedos um chapéu.
não, era um quepe se erguendo ao céu.
golpeado de arranhões nas pernas e braços
já sabia que ali se via um monumento,
era Deodoro sobre seu cavalo galopeado.


um homem se aproximou para saber do ocorrido,
quando me levantei sentia ardência nos joelhos
e astúcia no olhar de ajuda que visa aos bolsos.
não o deixei dar mais um golpe, depois de tantos.


anteontem não dormi bem em Noite de Agonia.
hoje talvez fique resfriado pelo golpe de ar.
amanhã ainda estarei com sangue no corpo
como se um cavalo tivesse passado por mim.
depois de amanhã poderei estar chumbado
por um golpe qualquer que se diz heroico.

4 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

POEMA PROFÉTICO? POLÍTICO? OU SÓ UM GOLPE DA AR, DO AZ?AR

Jefferson Bessa disse...

AMIGO, CERTAMENTE UM GOLPE DE TUDO ISSO AO MESMO TEMPO. GOLPE POLÍTICO, HISTÓRICO, DE AR E AZAR. O POEMA ESCREVE DEODORO COMO QUEM ESCREVE TODOS OS TEMPOS SIMULTANEAMENTE.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

ESTOU SEM NOTICIAS SUAS HÁ 6 MESES...

Jefferson Bessa disse...

Meu caro, fiquei algum meses sem conseguir acessar a conta do blog. Consegui recuperar no início de dezembro. Muito agradecido pela lembrança.