sempre me pedem
pedem qualquer coisa
me pedem os conhecidos e os desconhecidos
os necessitados e os não necessitados
os ricos e os pobres:
os ricos me pedem um serviço pronto
os pobres, um trabalho, uma moeda
sempre me pedem
me pedem até mesmo para pedir a Deus.
mas onde estará o altar?
ah, persistem em andar
pela cidade dos joelhos acimentados
cidade ajoelhada a um templo que mal se vê
bem longe no alto de um morro
mas do chão grande e suja
se ergue a mão do mendigo
e saem dos guichês mãos cobradoras
os funcionários me cobram as entradas
não os conheço pelo rosto
mas os conheço precisamente pela mão
que não se diferencia da mão
pedinte a casamentos
(são mãos exigentes de recibo!)
em meio a tantos pedidos
me torno a partir de agora
um pedinte - um desses grandes pedintes.
quando alguém vier me pedir para ouvir
para falar,
para gargalhar,
para comer
ou comparecer
direi que, nesse mundo constituído de petições,
todos deverão esperar.
pode ser até mesmo um mandado institucional
também deverá esperar,
pois espero aqui a resposta
de um pedido
acabei de pedir às coisas
uma palavra
um verso
uma rima
um poema
nesses momentos tenho uma concepção
uma grande unidade de ideia
influenciado pelas moças de escritório
quem em linguagem burocrata dizem
“qual seria a sua solicitação, senhor?”
por influência, isso caberia numa única sentença
seria a pura essência ao largo das aparências:
quando chegar a hora
de ouvir um pedido
compreenderei
“a vida é uma solicitação”!
4 comentários:
SENSACIONAL, Jefferson!
Através do site do Rogel encontrei você. Não vou pedir, mas agradecer sempre por ler seus poemas.
Beijos
Mirze
Mirze, bom que tenha voltado! Será sempre bem-vinda nesse espaço. Um beijo!
Jefferson,
Cheguei aqui pelos "Poetas de Marte". Feliz passagem.
Abraço,
Ana Ribeiro
Seja bem-vinda, Ana!
Abraço.
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