23 de mar. de 2009

Himalaia

a neve e a montanha no topo 
onde o passeio dos fortes ventos 
encostam com grandes nuvens 
que perpassam a infinda passagem 
entre as coisas e todas elas aos meus olhos 
trazem inseparáveis todas as outras 
quando o primeiro raio de sol 
escorrega com o Himalaia

18 de mar. de 2009

Chuva


Quando em verso digo chuva
Fala-se da única
Ao largo de outras chuvas

Faz-se ela não de água
Mas de som chiado
Na enxurrada de agora
De chuva que é voz

Porque já não a faço dizer
Com (funde-se) ao verso
Então comigo murmura:
Chuva

15 de mar. de 2009

Quiromancia - Rogel Samuel



Rogel Samuel

Jefferson Bessa escreveu:

Quiromancia

abro as linhas das mãos
e vejo o instante
das estreitas linhas
das nuvens com o céu:
assim se abrem
os brancos e as linhas
destes versos


Nas linhas de suas mãos estão as quilhas das suas naves, das aves que voam no seu rumo, no céu está escrito com que e com quem você deve navegar, viajar, as linhas finas de seus versos. A Quiromancia interpreta o presente onde está o horizonte do futuro e o eco do passado, a estrutura do viver. Ali está inscrita e subscrita a vida, a forma do destino, o perfil das nuvens do céu, as linhas e os detalhes das curvas da vida, da sorte, do caráter, da personalidade e do amor. Somos escritos nas estrelas das palmas de nossas mãos, estamos nas palmas daquela entidade, daquela divindade que nos contém e nos escreve.

Nossos segredos estão desenhados nas finas linhas de cada mão, na mão que segura a mão, que transmite a outra mão o seu ter e o seu teor, pois, como escreveu Rosa no Grande Sertão, o que a mão diz a outra mão é o curto, na adivinhação das carícias e segredos através da interpretação das linhas das mãos e dos poemas, que revelam o destino, a sorte da poesia, da fantasia do Passado, Presente e Futuro. Ali registrados estão no formato de linhas de um caderno vivo da carne quente das mãos que se acariciam, que determinam, os nossos estados de consciência.

Palmistry é o estudo das características da poética, a temperatura da música dos nossos versos.

12 de mar. de 2009

Quiromancia



abro as linhas das mãos
e vejo o instante
das estreitas linhas
das nuvens com o céu:
assim se abrem
os brancos e as linhas

destes versos

4 de mar. de 2009

Saber de coração





Se saber de cor é saber de coração
O coração se tornou rouco
Sente sem sentir
Bate num compasso
De não mais sentir quando lembra.
Esse coração se mostrou memória
E pereceu
Esse coração guardou e estalou


Mas agora eu não sei mais saber sem ser de cor.
Pendurei-me numa corda, preguei meu coração
Pois vivo de cor
Falo de cor
(Assim mesmo. Sempre repetindo)
Danço
Amo vejo
Ouço penso
Tudo de cor

Vibro de ternura com o previsível
Deleito-me com flores fixas em vaso
Se saber de cor é saber de coração
Meu coração vive rouco