31 de jan. de 2016

PASSANDO PELA RUA: POEMA DO LIVRO 'CHÃO DA PELE'

PASSANDO PELA RUA

passam dois, quatro, seis olhos
me olham
como se quisessem descobrir
o que no instante reluz

provável que tenham no desejo
o que dos meus olhos escapa

(poderia pensar que me vigiam
ou me convocam.
no entanto, essas oscilações
não importam

poderiam me julgar que eu nos olhos
do meu sujeito exacerbado
vejo os olhos alheios
por dentro dos meus)

alguns podem não ter consciência
e sentem no olhar,
mas outros sabem
pelo imediato do olhar
o que seu também sabe sentir

é que os corpos acordam
ao encontro dos que passam,
por isso se dá passagem
à transpiração entre olhos:

na verdade, quem vejo
quem me vê
é o Amor de minutos atrás
no corpo ainda sinto
e aos olhos se revela
translucidamente


Jefferson Bessa
Do e-livro Chão da pele (2015)


2 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

QUEM PASSA DEIXA O RASTRO DOS SEUS PASSOS...

Jefferson Bessa disse...

CARO ROGEL,

BOM SABER QUE PASSA POR AQUI.