I
me concederam um emprego
nele não me emprego
nem ele a mim se emprega
somamos juntos um tempo vago
não o vago que se emprega
mas o solto que há no preso
me concederam um emprego
sem emprego nem martelo
não há elo e nem poderia haver
nem um prego na parede se prende
quando se prende está frouxo
quando frouxo trepida na ferrugem
II
o que se vê dos dias é o calendário
chegar dia cinco ou dia primeiro
o que se espera dos dias é o pagamento
sem me empregar recebo os dias
pagando o recebimento da ninharia
recebendo o pagamento da punição
nada se faz do resgate do vago tempo
reparo assim dos dias que se fazem
às mãos recebo a pendência mensal
não sei, mas levo às escondidas
em algum bolso da minha calça
um sorriso a isso e um desemprego
mas o que foi mesmo que roubei?
2 comentários:
SUA BALADA DO DESEMPREGADO NOS LEMBRA QUE A PROFISSÃO DE POETA NÃO É RECONHECIDA, NINGUÉM SABE OU RESPEITA.
o ritmo, a música e a vibração roubam-nos um sorriso, sim, mas concedem-nos um olhar amplo sobre a precariedade laboral (ou será global?)
abraço.
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