2 de mai. de 2014
GUARDA-CHUVA
quando abro guarda-chuva
não me guardo,
me abro e guardo gotas:
molhado feito o homem
que, antes de inventar
e abrir o guarda-chuva,
esperava, só, a chuva fina
e sob a árvore guardava
gotas das finas águas
por isso nada tão estranho
quando se ouve vou abrir
agora meu guarda-chuva,
porque há, sim, um cismar
de alguém que se guardou-
da-chuva, talvez sem se dar
conta de que vive um guarda-
da-chuva
mas quem guarda a chuva
se abre às gotas se esvaindo,
goteja junto dos telhados
desce fluente dos arames
se senta como uma poça
se deixa aguar de chuva fina
se deixa molhar, se enxaguar
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2 comentários:
a tua poesia, Jefferson, continua a irrigar-nos com afluentes vários, um dos quais, na minha opinião de amador, é a filosofia.
abraço,
Vítor
Vítor, a sua visita sempre traz afluentes. A poesia sempre nos religa. Agradeço seu comentário.
Abraço,
Jefferson.
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