19 de jun. de 2012

SEMPRE ME PEDEM, PEDEM QUALQUER COISA


sempre me pedem
pedem qualquer coisa
me pedem os conhecidos e os desconhecidos
os necessitados e os não necessitados 
os ricos e os pobres:
os ricos me pedem um serviço pronto
os pobres, um trabalho, uma moeda


sempre me pedem 
me pedem até mesmo para pedir a Deus.
mas onde estará o altar?
ah, persistem em andar 
pela cidade dos joelhos acimentados
cidade ajoelhada a um templo que mal se vê 
bem longe no alto de um morro


mas do chão grande e suja
se ergue a mão do mendigo
e saem dos guichês mãos cobradoras
os funcionários me cobram as entradas
não os conheço pelo rosto
mas os conheço precisamente pela mão
que não se diferencia da mão 
pedinte a casamentos
(são mãos exigentes de recibo!)


em meio a tantos pedidos
me torno a partir de agora
um pedinte - um desses grandes pedintes.
quando alguém vier me pedir para ouvir
para falar, 
para gargalhar,
para comer
ou comparecer
direi que, nesse mundo constituído de petições,
todos deverão esperar.
pode ser até mesmo um mandado institucional 
também deverá esperar,
pois espero aqui a resposta
de um pedido 
acabei de pedir às coisas 
uma palavra
um verso
uma rima
um poema


nesses momentos tenho uma concepção
uma grande unidade de ideia
influenciado pelas moças de escritório
quem em linguagem burocrata dizem
“qual seria a sua solicitação, senhor?”
por influência, isso caberia numa única sentença
seria a pura essência ao largo das aparências:
quando chegar a hora 
de ouvir um pedido
compreenderei
“a vida é uma solicitação”!

4 comentários:

Unknown disse...

SENSACIONAL, Jefferson!

Através do site do Rogel encontrei você. Não vou pedir, mas agradecer sempre por ler seus poemas.

Beijos

Mirze

Jefferson Bessa disse...

Mirze, bom que tenha voltado! Será sempre bem-vinda nesse espaço. Um beijo!
Jefferson,

Ana Ribeiro disse...

Cheguei aqui pelos "Poetas de Marte". Feliz passagem.
Abraço,
Ana Ribeiro

Jefferson Bessa disse...

Seja bem-vinda, Ana!
Abraço.