5 de mai. de 2012

UM TEMPO QUE VIVE


quero um verbo
urgentemente um verbo
com um aspecto temporal
que não vive num antes
mas num depois:
um depois que vive
do anterior de um futuro

não darão origem a este verbo os gramáticos?!
não darão origem a este tempo os filósofos?!
não me venham com futuro do pretérito!
nem com experiência de tempo interior!

onde está esse verbo?
esse tempo?
estão eles aqui
os vejo à minha frente
acontecem no que aconteceu
dentro do que acontecerá

(haverá quem diga que não existe
nem existirá este verbo.
haverá quem diga que seria
um mero pretérito do futuro
(a inversão de um tempo já existente).
no entanto, senhores, quem vê pelo estranho do olhar
qualquer coisa - a coisa mais simples - se torna apenas uma inversão.
o que fazer de olhos anteriores a uma anterioridade?!
o que fazer de pés que andam nos pretéritos
mais que perfeitos pés?!

quem tem nos passos apenas o estagnado
quem praticamente já não anda mais
quem vai no atrás da passagem
poderá resmungar deste tempo
que não se pode ver
um depois que vive
do anterior de um futuro)

mas já nenhuma falta me faz 
a compreensão deste verbo

pois esse tempo vive firme
no poema que com ele se escreve

10 comentários:

Anônimo disse...

Penso que seria bom o poema que continua dizendo por nós, através dos tempos, até as coisas que ainda acontecerão. Há poetas que conseguem isso, fazem da arte uma preominção.

Muito interessante seu poema, Jefferson!

Beijo.

Fred Caju disse...

É o verbo que só a transgressão literária é capaz.

Teté M. Jorge disse...

Dizem que para os poetas não existe tempo definido... ele vai se projetando de acordo com o sentir... ora hoje, ora ontem... ora amanhã e antes do depois... enfim...

Beijo carinhoso.

Luiz Filho de Oliveira disse...

Desse verbo não entendem os gramáticos nem os filósofos, somente nós, poeta, os poetas. E mais: com poemas, como este, seu e-book, no Castanha Mecânica, vai ser bastante apreciado por nós, seus leitores.

Maria Azenha disse...

eterno verbo esse que viaja na luz...Adorei, querido Jefferson.

um beijo

Jefferson Bessa disse...

Sempre grato pela leitura de todos.

Luiz, a proposta do Castanha Mecânica é mesmo excelente! Um prazer poder participar. AMIGO, abraços!

Teté M. Jorge disse...

Ai... desculpe a curiosidade... do que se trata o Castanha? :))

Beijo carinhoso da fã.

Jefferson Bessa disse...

Querida Teca, o Castanha Mecânica é, segundo um trecho retirado do próprio site, "um projeto que visa à livre distribuição e divulgação da poesia através da organização dos poemas em forma de e-book (...) Buscando outro caminho fora do mercado editorial, e, a descobertas de novos nomes da poesia, nos disponibilizamos a uma “prestação editorial” que culmina em livros virtuais".
O endereço: http://castanhamecanica.wordpress.com/

Seja sempre bem-vinda!
Beijos.
Jefferson.

Teté M. Jorge disse...

Super legal!!!! Já salvei o link aqui e dei uma espiadela...
Vou olhar com calma.
Boa sorte, sucesso e realizações.
Coisa boa é pra divulgar mesmo!!!!
Beijo, poeta.

^,^

Jefferson Bessa disse...

OBRIGADO, AMIGA!