organizaram minhas necessidades sem eu pedir
ontem mesmo decidiram por mim
que preciso suprir todas as minhas carências.
terei de pô-las umas sobre as outras,
numa sequência hierárquica das necessidades
amanhã receberei a tabela do que se deve fazer
minhas prioridades conhecerei amanhã
aparelharam em mim os elementos indispensáveis
aceitei sem saber. Entrei num estado de passividade
como quem se desliga e se liga frente a uma tela.
amanhã serei os corredores de uma empresa
uma mão invisível me medirá, serei os departamentos
passarei como veículo que carrega ou de pé estarei
feito uma estante firme com espaço a ser preenchido
seguirei a viver numa sequência de necessidades
como os que abastecem os sentidos como depósitos
expostos um sobre o outro numa escala eterna
de ir e vir ao mesmo ponto de querer a mesma coisa.
substituíram ordenadamente minhas necessidades
organizaram administrativamente minhas vontades
energizaram meu corpo como uma embalagem
8 comentários:
QUE MARAVILHA, Jefferson!
A letargia da vida que em sua pressa nos absorve de tal modo que parecemos elementos .
Fantástico!
Beijos
Mirze
sua poética ligeiramente se modifica, se atualiza, se aperfeiçoa, avança o poema para os limites da prosa, sem os tocar, apenas no aproximar
Gostei das necessidades em versos...
Beijocas.
Gosto muito.
Beijo,
Gosto muito.
Beijo,
Muito bom! Você traduziu com perfeição o que, às vezes, sinto! Estou até escrevendo um poema sobre o tema, mas seguindo outro enfoque: engraçado, né? kkkkk
Mas, gostei muito!
Oi, Jon! Bom que gostou. Gostaria de ler em breve esse poema. Abraços.
Jefferson.
a identidade
que se apaga
[o poema que
nos acende]
*abraço,
Jefferson*
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