21 de set. de 2011

DESÇAM GOTAS

desçam gotas
linhas finas
linhas grossas de chuva
desçam pra encher
a rua
encher a cidade
na dança de ir
e vir

(desça a chuva
da chuva

a chuva
de não chover

a chuva
de encharcar

a chuva
dos muitos beijos

a chuva
dos seres que são
e dos que são
uma negação)

desçam longas,
unidas
desçam todas as linhas
da chuva,
que a cidade se inunde
as roupas se molhem
os corpos se encharquem

desça, água
deste céu desça
muita chuva
pra encher
as bocas sedentas
de não mais saber
como beber chuva

desça, água
diluindo
as algazarras silenciosas
das ruas,
das lojas, das bocas.
que as linhas da chuva
desçam
cortantes
fortes
e como tesoura desfaçam
a costura das roupas
para vermos
a olho nu



O poema NU (nº 2) foi divulgado no blog do amigo Sady Folch. Agradeço a publicação. Para visitar o blog, clique aqui.

4 comentários:

Unknown disse...

LINDO, Jefferson!

Adoro chuva e ela une as pessoas, não sei se por medo ou por ritmo.

O final é um show. Fechou com chave de ouro.

Beijos

Mirze

Jefferson Bessa disse...

poema lindíssimo e com um crescendo que apreciei muito, querido Amigo.

a nova face do seu blogue tb. gostei muito.

beijinhos,
maria

Teté M. Jorge disse...

Que delícia de versos... escorreram úmidos sobre minha imaginação...

Gostei do novo visual do blog, poeta.

Bom fim de semana.
Beijo carinhoso.

Luna Sanchez disse...

Água em movimento é sempre uma inspiração, não?

Gostei muito.

=*