23 de dez. de 2010

ODE AOS PÉS




entre os pés e a terra se caminha
esqueça, portanto, à porta de casa
o cadarço, os sapatos, as meias
caso não queira ser levado sem saber
a caminhos que nunca se sentiu

deixe cair por terra os pensamentos
que ultrapassam as veredas dos pés.
fique descalço como quem fica nu
não acredite nos passos posteriores
nem nos anteriores aos seus pés

todos se cansam rápido do caminho
que fora do corpo dizem existir.
muito se disse sobre as avenidas
no entanto, à medida que se aprende
detestável é o percurso que se sabe

não se lembre dos passos além
não se deixe levar pelos rastros
num dia vão verá que a passagem
terá sido aquela que nunca pisou,
que nunca esteve aos seus pés


Recebi um email de Ronaldo Nunes. Grato pela leitura e pelo comentário. Reproduzo-o no blog:
"... Você segura o tema com delicadeza mas com mãos firmes para não correr o risco dele perder a referência e derivar o rumo ao sabor do vento ou do momento. O tema corre sempre debaixo da sua vontade como costumam se comportar quando guiados pelos talentos dos grandes poetas..."

9 comentários:

Anônimo disse...

pé ante pé
piso aqui devagarinho
pesado este fardo
de caminhar através da vida

Teté M. Jorge disse...

Me sinto tão bem quando venho aqui... sempre uma nova passada... novos passos...

Um beijo carinhoso.

FELIZ NATAL, poeta, para você e os seus.

Anônimo disse...

O poema se desprende, passa uma sensação boa sem forçar a barra, apenas anunciando um caminho que não sabemos qual, mas que se mostra encantador para descobrir.

Gostei muito, amigo.

Beijo!

Zélia Guardiano disse...

Muito interessante, Jefferson!
Fui sentindo uma sensação de alívio, à medida que lia o poema...
Maravilha!
Aproveito a visita para deixar-lhe meus votos de Feliz Natal!
Grande abraço...

dade amorim disse...

Pés e espírito assim livres e inovadores - uma bela metáfora, Jefferson.

Beijo pra você, e um 2011 cheio de poesia.

Ana Lucia Franco disse...

Que os pés descalços e a alma nua nos guiem os passos.

Feliz 2011, Jefferson,

bjs.

Carla Diacov disse...

pedrada nos aquens!

Maria Azenha disse...

Feliz Ano Novo, Jefferson!
Que a Poesia nunca o abandone!:)


beijo,

***

lupuscanissignatus disse...



firme


[planta
que nunca
se cansa]


*adorei*