27 de set. de 2010

Noturno




sobre   a   cama   ouvir   quase   adormece
            os olhos cerram entorpecidos da noite

devagar   é   o   quarto   os   livros   as   paredes
            a porta entreaberta e a fraca luz que entra

em   cores   pontos   claros   pontilham   ao   ar
            o corredor que se entrevê já quase dorme

a   cama   se   acalma,   o   sono   a   cabeça   descansa
            ao lado o odor conhecido de sossegado corpo

pela   janela   clareia   cheia   de   luz   a   lua   de   fora
            sem pressa os dedos se movem e a vista embaça

o   verso   se   estende   lento   a   vozes   que   surgem
            não há qualquer impaciência de findar o que se vê

lentamente   a   luz   noturna   pelo   quarto   ilumina
            velhas esperas adormecem vestidas de exílios

por que   querer   enxugar   a   noite   à   meia -   luz ?
            que importa saber se chegou a hora da meia-noite?

4 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

dois poemas li no seu regaço: essa noite no quarto e as flores da manhã, dois espaços a mesma poesia desvelada, a mesma boa poesia revelada.

Anônimo disse...

Lindo! Li num devaneio só, amei!

Beijo.

Ana Lucia Franco disse...

Jefferson, uma relação com a noite muito bem poetisada. "o verso se estende lento a vozes que surgem", maravilhoso isso.

bjs.

Gerana Damulakis disse...

Até a disposição gráfica está perfeita para o que trazem os versos.Parabéns!