2 de ago. de 2010

CORPO PLANO


seus olhos de papel têm
uma vida plana de não ver.
por que esqueceu o rosto
e me trouxe em estampa?

quando o vejo se vaporiza
se tento lembrar se espalha
se perde como na textura lisa
da foto que hoje já está velha

não há marcas nem cicatrizes.
por que não deixar o rosto
ondular, crescer feito um monte?

o que há em você está plano
um pampa nos panos da pele
sem relevo, preso a um muro

*foto sem crédito encontrada na net

8 comentários:

Ana Lucia Franco disse...

Uma musa artificial, sem cicatrizes, em que tudo está reto e com olhos papel. Intrigante..

bjs.

Gerana Damulakis disse...

Que poema tocante. Fiquei lendo e relendo os versos finais: "um pampa nos panos da pele
sem relevo, preso a um muro".

Naty disse...

O caráter e a inteligência podem impressionar as pessoas, mas é o amor que damos a alguém que nos faz brilhantes e inesquecíveis
Boa semana
Bjs

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Como ficar com aquilo que a um toque pode se rasgar, queimar, ser tão memória do que já foi presente, palpável?

Seu poema é formidável, profundo, amei.

Jonathan disse...

Gostei muito da escolha das palavras, dos versos e da disposição das estrofes!!! E o resultado final foi ótimo!!! Parabéns, Jefferson!!!

Rafael Castellar das Neves disse...

Muito bom! Excelente soneto...muito carregado e cheio de visões...

[]s

Anônimo disse...

Muito grata pela visita, adorei seu blog.
Beijo.