24 de mai. de 2010

PISCAR

vejo nos dias a luz se apagando
no piscar incessante dos olhos
que descansam assim sozinhos

a ardência servil de observar,
o trabalho de acender a alma
descansam na presença de esquecer

clarão visto em lentas vezes
por entre os cílios se ofusca
se acende feito constelação na noite:

feito quando os raios escalam
o horizonte pelo céu na manhã
no aceno de alongar as sombras

enquanto tudo se abre e se fecha
sei do piscar de olhos na rasura
a esboçar o que por mim passa
foto encontrada na net sem créditos

5 comentários:

Wilson Torres Nanini disse...

Jefferson, coisas simples se tornam singulares diante de seus poetas olhos, "feito quando os raios escalam/o horizonte pelo céu da manhã/no aceno de alongar as sombras". O que é esboço só o é por humildade, pois na verdade, sob sua premissa, o poema nasceu cunhado.

Forte abraço!

Gerana Damulakis disse...

Pensei em destacar os mesmos 3 versos que estão no comentário acima, mas voltei a reler o poema e pensei que ele vale ser destacado em sua totalidade.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

ainda que não pareça, é mais um poema-corpo de sua autoria, repleto de erotismo e "acender", "clarão", "ofusca". abraços

nydia bonetti disse...

belíssimo, jefferson. quando o poeta olha a vida - num piscar de olhos, a vida é poema - onde a beleza, senão nos olhos... beijo.

Jonathan disse...

Gostei!!!!! Achei terrivelmente dolorosoa "ardência servil de observar" !!!!