3 de fev. de 2010

ele me disse ao ouvido


para um amigo

depois de ouvir uma homenagem
em comemoração a um poeta
saíram os doutos homens da sala
julgavam da maior importância
celebrar a morte, a obra do bardo.
neles havia o prazer mórbido
da morte viva no tempo dos versos
em meio a datas e anos - feito missa.


depois de sair da sala caminhei
o trajeto se abriu em vil eternidade
e toda a idade da vida e do porvir
não existiu mais enquanto andava.
um verso ele me disse ao ouvido
li e em silêncio estávamos nós:
eu e o poeta sozinhos na rua
festejamos juntos naquela noite.


foto sem créditos

3 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

o que se diz ao ouvido
o que se se faz em segredo
na noite profunda
retarda a morte

Jefferson Bessa disse...

Amigo, dei continuidade aos versos que deixou aqui.


o que se diz ao ouvido
o que se se faz em segredo
na noite profunda
retarda a morte

do verso à voz
se vive o que ouve:
o poema no tom de vida
diz porque se dá ouvido.

Um abraço, AMIGO!

Jefferson

nydia bonetti disse...

É preciso festejar: os versos, os amigos, a vida. É o que vale. Gostei muito do tom noturno e grave do poema, Jefferson. Muito bom. Beijo.