29 de jan. de 2010

ser desconhecido


quis o nunca visto – o nunca conhecido.
é como olhar o profundo de um poço;
não ver, mas saber – lá está ele.
e quis assim conhecer o desconhecido

ainda assim desci ao profundo
escalando todas as paredes doentias
em novas loucuras de pedregulhos
desci na busca do novo desconhecido

mas encontrei e conheci o fundo
me perguntei com o corpo já boiando
se na verdade nadei em águas estranhas
uma vez que cheguei, vi o desconhecido

sorri e voltei à borda do mesmo poço
e neste lugar ficarei para não mais sair
o que se desconhece deixarei lá onde está
simples: existe no ser desconhecido

agora desaparece por inteiro esta palavra
nem posso mais escrevê-la, nem dizê-la
– quando dita diz sua morada
uma palavra sempre diz sua existência

foto sem crédito encontrada na net

5 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

penso ser extraordinásrio este poema, principalmente para mim, que sou seu leitor fiel admirador de sua poética única e original

Jefferson Bessa disse...

AMIGO, como fico feliz e agradecido pela sua bela presença! Uma honra para mim ter um amigo como você. Abraço.

dade amorim disse...

Original e estranhamente belo seu poema, Jefferson. Sempre vale a pena te ler.
Abraço amigo

Cristina Fernandes disse...

Esse ser desconhecido que um dia encontramos... e assim, nos espantamos com a poesia...
Um beijo
Chris

nydia bonetti disse...

Me fez lembrar Gil:

"Beira do mar, lugar comum. Começo do caminhar. Pra beira de outro lugar. Beira do mar, todo mar é um. Começo do caminhar. Pra dentro do fundo azul ... "

Estamos mesmo todos sempre a um passo do desconhecido.

Gostei muito, Bessa. Beijo.