26 de jan. de 2010

mais cedo mais além

meus pés amanheceram hoje mais cedo mais além
do nosso sexo ontem à noite

meu passo acelerado pela casa me traz de repente agora
esta fotografia feita há três dias:

de pé fiz esta pose sem rosto - ombros e peitos estufados
de um corpo bajulador

cedo lavei todo o odor de sua mão que me passou no descanso e
no declive visível de meu pescoço

pensei – me lembro - na passagem e assim me coloquei inteiro
na clareza da escada do tempo

sob a capa do breve e do imperecível o simples vira uma pedra
polida feito uma ideia sem saída do lugar

e minha pele se assassinada ficará ao servil de um espectro
que um dia a fez instrumento

agora já estou na cama - sem a volta - e ficarei até anoitecer
sob o lençol úmido de seu rio

e seu dedo na firmeza crescente por entre dentes já sinaliza a
face do mamilo trêmulo em minha língua

4 comentários:

nydia bonetti disse...

Estes poemas são para um próximo livro, não é Bessa? Espero que sim. São lindos. :)
Abraços.

lupuscanissignatus disse...

seixo

liso


[imerso

nas

correntes]



*abraço,
amigo*

Janaina Amado disse...

Jefferson, cheguei aqui vinda do blog da Nydia, e estou realmente impressionada com seus poemas, com a densidade e beleza deles. Achei particularmente interessantes os "poemas-corpo" e a explicação que deu sobre eles. Pretendo retornar, para ler mais, com a atenção que merecem. Abraço e parabéns.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

o poema, difícil, é belo e ousado, extraordinário