14 de dez. de 2009

Corpo que escrevo


o verso se volta para você
quando nossas mãos cruzam
a ver meu rosto desnudo nos roçar

mas não somos um único em fusão
estamos um entre o outro
como a luz perpassa o vidro

como a hora de ser o dia.
deitado na calma de transpirar
sentir-se tranquilo e ir pela saída

é quando me volto para mim
e porque saio de mim evaporando
torno úmido seu corpo que escrevo
fotografia de Jefferson Bessa

4 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

gosto quando você escreve com o corpo, quando é o corpo (e não as idéias) que toma da sua pena e passa a explicitar-se, e é aí que Eros acorre, múltiplo e severo, contagia a leitura e atrai.

Jefferson Bessa disse...

que a sua leitura seja sempre presente por aqui,
oferencendo ao poema o vigor de suas palavras.

Grato, amigo!

Jefferson

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

sim, amigo, o seu poema é dos mais eróticos...

Jefferson Bessa disse...

o verso-corpo deste poema é o erotismo em estado bruto: o erótico no corpo quando o pensamento em modo direto está na profunda superficialidade do verso-corpo; de acordo com o que você disse "escreve com o corpo, quando é o corpo (e não as idéias)".
O erotismo que sai é calmo e vibra no tecido úmido da pele como a transpiração num dia quente. E o erótico "evapora" e atravessa os outros corpos (até quando se escreve e se lê o poema).
Tudo assim é tão sensual e simples como o calor do sol ou de um homem-corpo que provoca o calor. É só não perder o sensual do corpo para sentir os pelos que me atravessam.

Muito agradecido, amigo, principalmente por despertar esse diálogo.

Grande abraço,
Jefferson.