16 de set. de 2009

Duna

fotografia de Edward Weston - Black Dunes
1936


Deste pouco de tinta
Espalhada na folha
Se ergue sobre linhas
Arqueada de corpo
Esta imensa duna.
Aqui vai se compondo
Em lento movimento

De letra a letra
Abrindo vazios
Assim ocupados
Por verso contínuo
De fragilidade
Que se firma sempre
Em intermitência.

Por entre grãos
A duna sobe.
Palavra reta
Na superfície
Das várias curvas
Então alinhadas
No cruzamento

Vertical
No horizonte
Curvilíneo,
Percorrendo
Lá e aqui
Nos declives.
Não há jeito:

Se move
Agora
A duna
Escrita
Aqui.
contudo
se vê:

é

es
va
in
do
se

8 comentários:

Sady Folch disse...

Jefferson, obrigado por seguir ao Caminho do Escritor.

Entrei em suas duas páginas e não resisti em seguí-lo, o que me fez inclusive incluí-las como links.

Seu poema é forte; transmite a verdade do que se diz, e tem um ritmo que nos dá um movimento que acaba por criar imagens incríveis. Sem falar nas formas que os modela.

Meus parabéns, foi bastante confortável estar por aqui.

Abs

Sady

Maria Azenha disse...

tem um ritmo e uma beleza que me emocionou.

beijos,

maria

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

sua duma é de areia, tempo, ampuleta, vida, esvaindo-se, indo

Memória transparente disse...

Como o trabalho do vento...

Beijo

Jefferson Bessa disse...

Fico muitíssimo agradecido pelos comentários. Sinto a presença da leitura de vocês.

Um forte abraço em todos. Obrigado.
Jefferson.

Lídia Borges disse...

Lindo poema de movimentos ondulantes na curvatura das palavras, letra a letra delineando uma "imensa duna".

Um beijo

lupuscanissignatus disse...

arco

e

flecha


[cravado
no deserto


da folha]


*abraço*

Sônia Brandão disse...

E desse pó novas formas se compoem.
bjs