26 de ago. de 2009

Vou sair. Andar.



É como entrar numa sala sem ser chamado
Ouvir uma voz estrondosa que não diz.

Minha vontade sempre me embaça. Fico no além.

Assim entrei em tantas salas e saí sem saber o que olhar.

Mas também não ficarei na antessala.
Não vou esperar.
Vou sair.
Andar.

Entrar nas coisas sem ser chamado não convém.
Convir é quando venho com o que me chamou.

Vou sair.
Andar.
Nem ficarei na antessala.
Esperar não convém.
O movimento, por ora, me convém só ao chão pelo qual caminho.

Quero vir junto com as coisas. Para tanto vou andar...andar. É esse o caminho.

Ficar quieto. Prestar a atenção ao que me chama.

Penso se haverá algum vocativo para eu ouvir...
Mas não há. Quando me aquietar não haverá nenhum vocativo.
É certo. Nenhum vocativo.
Chamar é nomear. Não quero nomes apenas. Não haverá só chamado, portanto.

Andando ouvirei o convite do que me cerca.
Do que me cerca, não. Nada me prenderá.

Andando ouvirei o convite do que me move.



(Jefferson Bessa)

7 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

Aonde seus passos o levará?
aonde então não ser chamado?
vozes e lugares longínquos...
alturas e liberdades...

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

escrevi um poema-resposta...

Jonathan disse...

Mt bom, Jefferson!!! Seu poema usa mt bem a repetição ou a gagueira pra expressar a ideia do "sempre andar"!!! Além disso, a conclusão do poema é magnífica: "Andando ouvirei o convite do que me move."!!! Isso é demais, é o movimento que se faz em busca do que, inconscientemente, gera esse movimento e, assim, é quase o andar em busca do conhecimento, de algum modo, de si!!!!

Mt bom!!!! Abraços

Gisela Rosa disse...

...em movimento Jefferson! Lindo, gostei do ritmo.
Um abraço e obrigada

Maria Azenha disse...

excelente , querido Amigo.
adorei.

Beijo,

mariah

lupuscanissignatus disse...

mover

a

montanha-

palavra]



*abraço*

Jefferson Bessa disse...

Obrigado pela visita: Rogel, Jonathan, Gisela, Maria Azenha e Lupus. Grande abraço a todos.