14 de jun. de 2009

A noite ligou


A noite ligou, surgiu:
Nessa hora
Da luz elétrica que desliga
E me faz vigiar

A luz que falta
Eleva-se e pelo corpo
Move a nitidez noturna
Clareando o espaço

Preenche a penumbra
E espalha sua falta
Aos olhos já cansados
Sob a lâmpada do quarto

Pequenas luminárias
Em fulgor próprio,
As palavras crescem
Aos traços-lume do ver

As palavras se acendem
Por entre o ar negro
E por inteiro as vejo
Palpáveis em corpo

A escuridão se fez,
Deixou a noite aos meus olhos
Porque a ela não falta
Nenhum raio chamejante

Mas, ao longe, vejo pontos de luz
As outras luzes da cidade
Que se julgam ligadas
À corrente luminosa do ver

Pobres luzes
Que se ligam e cegam
O enorme blecaute
Que descobre a Noite

3 comentários:

dade amorim disse...

A noite é inesgotável, o que não se vê não se acaba nunca.
Abraço

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

é à noite que os fantasmas da falta
se instalam nos espaços
e sobre seus traços cegos
nos alertam

cobre a noite com seu manto
os pontos de luz e de visão
e exergo ali no arco da cidade
amores outros, que não faltam

Jefferson Bessa disse...

Um grande abraço em Rogel e na Adelaide! Muito grato pela leitura.